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EU E A MINHA SEXUALIDADE

Como começar a falar de algo tão intimo, tão pessoal? Posso começar por dizer o quão vital é a Sexualidade e dar assim o pontapé de partida para este artigo.

Queria colocar aqui uma definição do que é a Sexualidade, uma definição concreta. Depois parei para pensar que gostava que os leitores pudessem, por si só, encontrar a sua própria definição do que é a Sexualidade para cada um.

Vou antes falar do que é a Fisioterapia na Sexualidade e em que consiste esta vertente clínica.

Sim, é verdade, a Fisioterapia existe no mundo da Sexualidade, integrada numa equipa multidisciplinar constituída pela Terapeuta Sexual, a Nutricionista e a Ginecologista ou Urologista. Na verdade, este trabalho em equipa é fundamental para o processo de diagnóstico ou tratamento de disfunção sexual no homem e na mulher.

Através da avaliação de estruturas articulares, musculares, nervosas e ligamentares, o Fisioterapeuta pode identificar alterações que estejam na causa, ou associadas, a alguma dificuldade na vida sexual. Claro que temos sempre de ter em conta o que é importante para cada pessoa e, aí, entra novamente a vossa perceção do que é a Sexualidade e do que para vocês é ou não “normal”.

Muitas disfunções sexuais estão associadas a causas mecânicas/físicas, que têm implicações psicológicas e sociais, muitas vezes com grande impacto na vida do indivíduo. Segundo o último modelo da DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), as Disfunções Sexuais estão divididas nos seguintes grupos:

> Disfunção de interesse/excitação
> Disfunção do orgasmo
> Disfunção de dor

Dentro destes três parâmetros existem várias alterações/disfunções descritas pela literatura. Vou deixar-vos alguns exemplos daquelas que podem ser orientadas pela Fisioterapia, com o apoio da equipa multidisciplinar.

Na Mulher:
> Dispareunia (dor associada à penetração)
> Vaginismo (impossibilidade de penetração por dor)
> Anorgasmia (perturbação do orgasmo)
> Incontinência urinária ou fecal que pode ter uma implicação indireta na vida sexual

No Homem
> Alteração na ereção, podendo haver dor associada
> Alterações ou dificuldade na ejaculação
> Dor peniana (dor no pénis)

Tanto nas mulheres como nos homens, o período pós-operatório de uma cirurgia pélvica pode afetar diretamente a função sexual. Os exemplos nos quais é mais comum identificarmos disfunções sexuais associadas são as prostatectomias (remoção da próstata), histerectomias (remoção do útero), laparoscopias e tratamentos invasivos, após doença oncológica, como a radioterapia.

Mas afinal, como pode a Fisioterapia ajudar?

Os casos de dor associada à relação sexual (maioritariamente com penetração no caso da mulher) estão, na grande maioria dos casos, associados a um aumento da tensão muscular dos músculos do pavimento pélvico, ao qual chamamos hipertonia ou hiperatividade muscular. No caso do homem, esta hiperatividade pode originar dificuldades na ejaculação ou mesmo ejaculação precoce, e uma alteração na capacidade de manter a ereção, podendo ou não existir dor. Nestes casos específicos a Fisioterapia tem um papel importante no relaxamento muscular do pavimento pélvico, sendo este, muitas vezes, um dos objetivos principais do tratamento de disfunção sexual por dor, associada a hiperatividade muscular. O fisioterapeuta intervém no sentido de orientar a pessoa a adquirir comportamentos promotores de saúde, estando estes relacionados com as nossas atividades diárias, como o esvaziamento dos intestinos e bexiga, por exemplo. Procura também explorar com a mulher/homem estratégias e técnicas de relaxamento muscular, que possam ser aplicadas no dia-a-dia, de modo a potenciar os resultados do tratamento.

É também objetivo da consulta de Fisioterapia promover o autoconhecimento da região genital da mulher/homem e uma maior perceção do que está a acontecer consigo. Procura-se também que a pessoa compreenda como outras zonas do corpo podem ter influência e contribuir para este aumento de tensão muscular.

Através da palpação, o Fisioterapeuta consegue perceber pontos dolorosos no pavimento pélvico, identificar alterações estruturais ou lesões dos tecidos, avaliar tecido cicatricial, avaliar as estruturas nervosas e musculares e assim, intervir de forma efetiva. Com esta avaliação pretendemos perceber a função das estruturas em questão.

Existem também, embora menos comuns, disfunções sexuais associadas a hipotonia ou hipoatividade muscular, ou seja, fraqueza muscular e diminuição de tónus. A verdade é que um músculo hipertónico não é necessariamente mais forte do que um hipotónico, mas aqui a abordagem de tratamento é diferente. Se tivermos diminuição de força muscular ou de capacidade de contração, podemos ter alterações na sensação de prazer, na lubrificação ou no orgasmo, no caso da mulher. No caso do homem pode existir disfunção eréctil, dificuldade na ejaculação e diminuição do prazer. Nestes casos, a Fisioterapia pode também ser muito útil para a consciencialização da contração e a promoção do fortalecimento muscular.

Qualquer que seja o caso, o mais importante é restaurar a funcionalidade, ou seja, a amplitude de movimento e a força.

Para terminar, gostaria de deixar também uma chamada de atenção para as doenças crónicas, como a endometriose, o síndrome do colón irritável, a cistite, entre outras, que estão na maior parte das vezes associadas a alteração da vida sexual do utente. A Fisioterapia tem algo a fazer aqui também.

Se se identifica com alguma das situações que falei acima, a Gimnográvida tem uma equipa multidisciplinar disponível para a receber com toda a atenção e respeito que merece.

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