Referência: WHO recommendations: Intrapartum care for a positive childbirth experience. Geneva: World Health Organization; 2018.
Traduzido e adaptado por Isabel Ferreira e Diana Lopes, UTERUS
CUIDADOS GERAIS NA ATENÇÃO AO PARTO |
RECOMENDADO |
Rec.01 Cuidados respeitadores, com dignidade, privacidade e confidencialidade, assegurando a ausência de danos e maus tratos e possibilitando a escolha informada e o apoio contínuo durante o trabalho de parto e o parto. |
Rec.02 Comunicação efetiva entre os profissionais de saúde e as mulheres em trabalho de parto. |
Rec.03 Presença de um acompanhante à escolha da mulher ao longo do trabalho de parto e parto. |
Rec.04 Modelos de continuidade de cuidados liderados por enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica (EESMO): um EESMO ou um pequeno grupo de EESMOs acompanha em continuidade a mulher ao longo do seu processo de maternidade, durante todo o período pré-parto, intraparto e pós-parto. |
CUIDADOS NA PRIMEIRA FASE DE TRABALHO DE PARTO |
RECOMENDADO |
Rec.05 Uniformizar as definições de fase latente e fase ativa de trabalho de parto. Fase Latente: contrações uterinas dolorosas e alterações variáveis do colo do útero, dilatação até 5 cm. Fase Ativa: contrações uterinas dolorosas regulares, um grau substancial de extinção do colo do útero e dilatação uterina dos 5cm aos 10cm. |
Rec.06 Informar as mulheres sobre a variabilidade prevista na duração do primeiro estadio de trabalho de parto. |
Rec.10 Promover a admissão na sala de partos apenas em fase ativa em mulheres grávidas saudáveis com início espontâneo do trabalho de parto (recomendado para determinados contextos). |
Rec.13 Avaliação do bem-estar fetal com aparelho portátil de ultrassonografia doppler ou com o estetoscópio fetal Pinard em mulheres grávidas saudáveis com início espontâneo do trabalho de parto, durante a admissão no bloco de partos. |
Rec.16 Toque vaginal de 4/4h, a partir da fase ativa do primeiro estadio de trabalho de parto, em mulheres de baixo risco. |
Rec.18 Auscultação intermitente da frequência cardíaca fetal durante o trabalho de parto, em mulheres grávidas saudáveis. |
Rec.19 Analgesia epidural para alívio da dor, dependendo das suas preferências, em mulheres saudáveis em trabalho de parto. |
Rec.20 Analgesia opióide para alívio da dor, dependendo das suas preferências, em mulheres saudáveis em trabalho de parto. |
Rec.21 Técnicas de relaxamento para alívio da dor, dependendo das suas preferências, em mulheres saudáveis em trabalho de parto. |
Rec.22 Técnicas manuais para alívio da dor, dependendo das suas preferências, em mulheres saudáveis em trabalho de parto. |
Rec.24 Ingestão de líquidos orais e alimentos durante o trabalho de parto, para mulheres de baixo risco. |
Rec.25 Encorajar o movimento e a verticalidade durante o trabalho de parto, em mulheres de baixo risco. |
NÃO RECOMENDADO |
Rec.07 Determinar risco pela presença de uma velocidade de dilatação cervical inferior a 1cm/hora na fase ativa de trabalho de parto para mulheres grávidas com início espontâneo do trabalho de parto. |
Rec.08 Determinar falha na progressão do trabalho de parto pela presença de uma velocidade de dilatação cervical inferior a 1cm/hora durante a fase ativa de trabalho de parto. |
Rec.9, 27, 28, 29, 30, 31 e 32 Utilizar procedimentos e/ou medicamentos (nomeadamente amniotomia, ocitocina, antiespasmódicos, líquidos endovenosos, entre outros) para prevenir o atraso e/ou acelerar o trabalho de parto, em conjunto ou isoladamente, com ou sem epidural, quer na fase latente, quer na fase ativa de trabalho de parto. |
Rec.11 Pelvimetria de rotina para mulheres grávidas saudáveis durante a admissão no bloco de partos. |
Rec.12 Avaliação por rotina do bem-estar fetal com cardiotocógrafo na admissão no bloco de partos em mulheres grávidas saudáveis, com início espontâneo do trabalho de parto. |
Rec.14 Tricotomia perineal de rotina em mulheres grávidas em trabalho de parto. |
Rec.15 Enema. |
Rec.17 Cardiotocografia contínua em grávidas saudáveis, com início espontâneo do trabalho de parto. |
Rec.23 Aliviar a dor com o objetivo de prevenir evolução lenta do trabalho de parto e/ou reduzir a necessidade de ocitocina. |
Rec.26 Desinfeção vaginal de rotina, com clorohexidina, durante o trabalho de parto. |
CUIDADOS NA SEGUNDA FASE DE TRABALHO DE PARTO |
RECOMENDADO |
Rec.33 Uniformizar a definição e duração da segunda fase de trabalho de parto: período de duração variável (média de 3h primíparas e 2h em multíparas), entre os 10cm de dilatação e o nascimento, durante a qual a mulher tem um desejo involuntário de puxar, devido às contrações uterinas. |
Rec.34 e 35 Encorajar as mulheres, com ou sem analgesia epidural, a escolherem a posição de parto, incluindo posições verticalizadas. |
Rec.36 Encorajar e apoiar as mulheres em período expulsivo a seguirem o seu próprio impulso para a realização de esforços expulsivos. |
Rec.37 Para mulheres com analgesia epidural, na segunda fase do trabalho de parto, promover o adiamento da realização de esforços expulsivos durante uma ou duas horas após a dilatação completa, ou até que a mulher sinta vontade espontânea para tal (em contextos em que seja possível prolongar o período expulsivo). |
Rec.38 Técnicas para reduzir o traumatismo perineal e facilitar o nascimento espontâneo (incluindo massagem perineal, compressas mornas e proteção ativa do períneo com a mão) para mulheres na segunda fase do trabalho de parto, de acordo com a preferência das mulheres e com as opções disponíveis. |
NÃO RECOMENDADO |
Rec.39 Utilização rotineira ou generalizada da episiotomia em mulheres, durante um parto vaginal espontâneo. |
Rec.40 Aplicação de pressão no fundo uterino com o objetivo de facilitar ou acelerar a segunda fase do trabalho de parto. |
CUIDADOS NA TERCEIRA FASE DE TRABALHO DE PARTO |
RECOMENDADO |
Rec.41 Utilização de uterotónicos para a prevenção da hemorragia pós-parto durante a terceira fase do trabalho de parto. |
Rec.42 A ocitocina (10UI, IM/IV) é o fármaco uterotónico recomendado para a prevenção da hemorragia pós-parto. |
Rec.43 Em situações nas quais a ocitocina não está disponível, é recomendado o uso de outros uterotómicos injetáveis (tais como ergometrina/metilergometrina) ou de misoprostol oral (600 µg). |
Rec.44 Clampagem tardia do cordão umbilical (não antes de 1 minuto após nascimento). |
Rec.45 Tração controlada do cordão umbilical para partos vaginais, em contextos em que estejam disponíveis profissionais especializados, caso o profissional e a parturiente considerem importante uma pequena redução na perda de sangue e/ou na duração da terceira fase de trabalho de parto. |
NÃO RECOMENDADO |
Rec.46 Massagem uterina para prevenir a hemorragia pós-parto, em mulheres a quem foi administrada ocitocina profilática. |
CUIDADOS AO RECÉM-NASCIDO |
RECOMENDADO |
Rec.48 Manter os recém-nascidos (na ausência de complicações) em contacto pele-a-pele com a suas mães na primeira hora após o nascimento, para prevenir a hipotermia e promover a amamentação. |
Rec.49 Todos os recém-nascidos com condições para mamar/ser amamentados, incluindo bebés com baixo peso ao nascer, devem ser colocados na mama o mais rapidamente possível após o nascimento, logo que estejam clinicamente estáveis, e assim que mãe e bebé estejam disponíveis. |
Rec.50 Todos os recém-nascidos devem receber 1mg de vitamina K intramuscular após o nascimento, apenas após a primeira hora de contacto pele a pele com a mãe e após a amamentação ter iniciado. |
Rec.51 Adiar o banho até 24 horas após o nascimento. Se isso não for possível devido a razões culturais, atrasá-lo pelo menos 6 horas. Apos o parto, mãe e bebé não devem ficar separados e devem ficar no mesmo quarto 24 horas/dia. |
NÃO RECOMENDADO |
Rec.47 Aspiração da boca e do nariz em neonatos nascidos com líquido amniótico de características normais, que começam a respirar por si mesmos após o parto. |
CUIDADOS À MULHER APÓS O PARTO |
RECOMENDADO |
Rec.52 Avaliação do tónus uterino pós-parto para identificação precoce de atonia uterina. |
Rec.55 Todas as puérperas devem fazer uma avaliação regular do sangramento vaginal, contração uterina, altura do fundo uterino, temperatura e frequência cardíaca de forma rotineira, durante as primeiras 24 horas, a partir da primeira hora após o nascimento. A tensão arterial deve ser avaliada logo após o nascimento. Se normal, a segunda avaliação deve ser feita dentro de 6 horas. O esvaziamento vesical deve ser registado nas primeiras 6 horas. |
Rec.56 Após um parto vaginal sem complicações numa unidade de saúde, mães e recém-nascidos saudáveis devem receber cuidados nas instalações durante, pelo menos, 24 horas após o nascimento. |
NÃO RECOMENDADO |
Rec.53 Profilaxia antibiótica de rotina para mulheres com parto vaginal sem complicações. |
Rec.54 Profilaxia antibiótica de rotina para mulheres submetidas a episiotomia. |