As férias são, para muitas pessoas, uma oportunidade de descanso e renovação.
Os dias tendem a ser mais leves, há menos pressa, menos exigências externas e mais espaço para o lazer, para o descanso e para estar com quem nos faz bem. Esta desaceleração pode ter um impacto muito positivo no nosso bem-estar — e, consequentemente, no sono.
Ainda assim, nem sempre é assim tão simples.
As mudanças na rotina, os novos horários, a excitação dos primeiros dias ou até o simples facto de estarmos num local desconhecido podem interferir com o nosso ritmo circadiano, o “relógio interno” que regula o sono e outros processos do organismo.

Além disso, muitas pessoas experienciam o chamado efeito da primeira noite, em que o cérebro permanece mais alerta por estarmos num ambiente novo — como se uma parte de nós ficasse alerta, “de vigia”.
E, para quem viaja com crianças, o descanso pode tornar-se ainda mais desafiante. Os novos ambientes, os horários menos controlados e toda a logística familiar — do sono dos mais pequenos às malas carregadas de “essenciais” — podem dificultar a adaptação e atrasar o momento em que o corpo, finalmente, relaxa.
Por outro lado, há quem durma melhor nas férias. Parece obvio, não é? Dormimos melhor porque estamos mais relaxados! Com menos pressa, menos responsabilidades e uma quebra nas exigências constantes do dia a dia, o corpo e a mente têm finalmente espaço para abrandar. Essa desaceleração, esse “desligar”, ajuda a reduzir os níveis de ativação física e mental, facilitando a entrada nos processos naturais do sono.
Mas sabia que pode não ter só a ver com o relaxamento? Quando já dormimos mal há algum tempo, e já estamos “habituados” a que a ir para a cama seja sinónimo de virar e revirar até o sono decidir aparecer, um quarto e uma cama diferentes podem fazer toda a diferença! Porquê? Porque, muitas vezes, para quem sofre de insónia, o seu quarto e a sua cama já estão condicionados à frustração e à ansiedade de não conseguir dormir. Ao mudar de ambiente, essa associação pode enfraquecer, trazendo um alívio temporário.
Estas melhorias, no entanto, dependem da natureza e da duração das dificuldades de sono. Em situações mais recentes ou pontuais, as férias podem representar uma oportunidade para “dar a volta” ao ciclo de má qualidade de sono. Mas quando as dificuldades são crónicas, o novo ambiente pode ajudar a relaxar e até melhorar parcialmente o sono, mas raramente resolve o problema de forma duradoura.
Se o sono tem sido um desafio recorrente, o ideal é procurar compreender o que está por trás dessas dificuldades. Um acompanhamento especializado pode ajudar a interromper os ciclos de ansiedade e insónia, e a recuperar uma relação mais tranquila e saudável com o sono — mesmo fora do contexto de férias.